Blog do Nicola
Eu costumo dizer que quando a gente sai de uma depressão ou qualquer outro transtorno psiquiátrico é como sair de um coma.
Eu
fiquei 11 anos vegetando por causa da minha mente conturbada. Foram surtos,
momentos de tristeza, apatia, uma vida parada no tempo. Tanto que quando morava
com minha tia Alice, ficava imaginando, o que seria no futuro. Algo vinha a
cabeça, aposentado, vivendo em algum canto de favor, dependendo de pessoas boas
na família ou nas amizades.
É um
cenário muito triste. A gente acostuma a essa prisão e vive como uma ameba sem
perspectiva. Ou pior: com os piores pensamentos possíveis em relação ao futuro.
Eu
ainda vou falar da força do hábito e como isso pode evoluir para melhor em
nosso tratamento. Aquela ideia de um passo de cada vez é um passo conquistado.
Mas isso não é assunto para agora.
Nesse
texto eu falo, que muitas pessoas não se recuperam também porque percebem que
estão perdendo oportunidades, perdendo vida, assustadas e incapazes com o
destino.
Eu tive
depressão esquizoide dos 33 aos 45, é uma das melhores fases da vida, mas para
mim foi um aprendizado, não curti, não trabalhei, não construí nada.
Então
quando por um milagre melhorei, é um choque também, os familiares, amigos e
amigas envelheceram. Cada um com sua história, muitos prosperaram, outros não.
Mas viveram em sua plenitude.
Podia não ter saído dessa. Assim como é preciso encarar como um aprendizado, uma lição e até uma benção. Em muitos aspectos, eu melhorei como ser humano, houve uma evolução mesmo que germinada no período mais difícil da minha vida.
O segundo ponto, foi a consciência e a fé que estamos apenas de passagem aqui, por pior que seja nossa situação sempre vai ter alguém passando por dificuldades maiores. Seria achar Deus injusto diante tantas mazelas na nossa vida.
Eu acho que a consciência de apenas uma passagem nos leva a fé em
onipresente e infinito para qual estamos sendo preparados em nossa trajetória
na terra. Devo dizer que a fé me ajudou muito e sem ela não conseguiria sair do
fundo do poço.
Quando fiquei bom, tudo o que eu queria era fazer as coisas simples para qual muitas pessoas não dão valor, e o principal, sem a escuridão da depressão.
É um
sentimento de estar vivo coração batendo com a faca nos dentes e sempre em
movimento depois de um longo coma. E isso é simplesmente algo divino e mágico,
que não tem nem como descrever.